Passagem de gado e de veículos causa turvamento das águas e havia até armazenamento de combustível sem licença
A 2ª Promotoria de Justiça instaurou inquérito civil para verificar regularidade jurídico-ambiental de uma área rural no município de Bonito após fiscalização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) apontar ausência de cercamento nas Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água, trechos sem vegetação arbórea, passagens de gado e veículos dentro dos córregos com turvamento das águas e armazenamento inadequado de tanques de combustíveis próximo à sede, sem licença ambiental.
O procedimento foi aberto para colher informações, realizar diligências e, se necessário, celebrar termo de ajustamento de conduta (TAC), ajuizar ação civil pública ou promover o arquivamento, conforme os resultados.
A fiscalização do Imasul deu origem ao auto de infração e ao laudo de constatação, que listam as irregularidades e determinam medidas concretas: cercar todas as APPs para impedir o acesso de gado; restaurar trechos sem vegetação arbórea com inclusão no Prada (Projeto de Recuperação de Área Degradada ou Alterada); adequar as travessias para que animais e veículos não cruzem por dentro dos córregos; impermeabilizar com contenção a área de armazenamento e o ponto de abastecimento de combustíveis; e comprovar o plano de manejo e conservação do solo e da água.
Também foi exigido relatório técnico conclusivo de corte de árvores nativas isoladas (Cani) vinculado a autorização ambiental, com prazos de 30 a 60 dias para cada item, e obrigação de enviar relatório fotográfico ao órgão ambiental. O laudo registra que não foi constatada contaminação do solo, embora haja não conformidade no acondicionamento dos tanques.
Do ponto de vista legal, além das esferas administrativa e cível, a Promotoria de Justiça indicou que a conduta pode, em tese, configurar crime ambiental, a depender da análise dos documentos e da situação concreta. No curso do inquérito, o MPMS solicitou documentos ambientais e fundiários, pediu informações ao Imasul e abriu a via consensual para solução dos problemas por TAC, priorizando a recuperação ambiental, o cercamento efetivo das APPs, a regularização do uso do solo e da água e a segurança nas estruturas com combustíveis.
As APPs têm função de proteger nascentes, margens de rios e córregos, garantindo água limpa, solo estável e biodiversidade, e que cercas, travessias adequadas e cobertura vegetal nativa são medidas simples e eficazes para evitar erosão, assoreamento e turvamento. Além disso, armazenar combustíveis com piso impermeabilizado e contenção previne vazamentos e contaminação do entorno.