Delegada da Mulher não quis revelar motivo que levou menina de 15 anos a fazer falsa denúncia
Delegadas Paula Ribeiro (centro) e Stella Paris (à direita) e a psicóloga da delegacia (Adilson Domingos/CAMPO GRANDE NEWS)
O motorista de transporte por aplicativo que passou três dias preso em Dourados por suposto estupro é inocente. O crime denunciado pela adolescente de 15 anos na sexta-feira (23) não ocorreu. A menina mentiu, afirmou nesta quarta-feira (28) a delegada Paula Ribeiro dos Santos, titular da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher).
Preso em flagrante na sexta-feira logo após a menina fazer a denúncia na delegacia, o homem de 42 anos ganhou liberdade provisória na noite de segunda-feira. A polícia não revelou o motivo que teria levado a adolescente a inventar a história.
Paula Ribeiro dos Santos, a delegada Stella Paris Senatore, que fez o flagrante, e a psicóloga da DAM Regina Célia concederam entrevista coletiva hoje de manhã para detalhar o caso.
“Houve a comprovação que ele é inocente”, afirmou a delegada Paula Ribeiro. Segundo ela, embora todos os casos investigados pela delegacia sejam sigilosos, decidiu falar com a imprensa sobre a denúncia falsa para fazer justiça ao motorista, “acusado de um crime que não cometeu”.
A delegada Stella Paris, que fez o flagrante, contou que na sexta-feira à tarde a adolescente e a mãe foram até a delegacia e a menina denunciou o suposto estupro durante a corrida. A adolescente chegou a entregar o tênis que usava no momento do suposto crime (ela disse que ele tinha ejaculado no calçado dela) e mostrou mensagens que trocou com o namorado – primeira pessoa para quem ela teria relatado o suposto estupro.
Stella Paris explicou que diante da “relevância” da denúncia feita pela vítima e principalmente por envolver violência sexual, “que muitas vezes não tem testemunha”, acionou os policiais para que localizassem o motorista.
Levado para a delegacia, o homem foi autuado em flagrante por estupro, mas desde o princípio afirmou ser inocente. O advogado dele, Marcelo Cândido de Paula, tinha afirmado na segunda-feira que não existia prova do suposto crime.
Para ajudar a esclarecer o caso, até a psicóloga da delegacia, que está de licença-maternidade, teve de ser chamada. Durante conversa com a especialista, a adolescente admitiu que tinha mentido.
Investigadores da delegacia refizeram o trajeto da suposta corrida acompanhados pela adolescente. Imagens de câmeras de segurança não comprovaram a história. A perícia no carro também desmentiu a versão da menina de que ela não conseguiu abrir a porta para fugir.
A adolescente vai responder por ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa, mas não será recolhida. Já o alvo da denúncia falsa, mesmo sendo inocente, está sendo sofrendo ameaças de morte, principalmente através de redes sociais.