A advogada Isabella Patrícia Miranda da Silva, 29, e o marido dela, Renan Maycon Carneiro da Silva, 29, estão entre os presos na Operação Bloodworm, desencadeada nesta sexta-feira (6) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) contra advogados, policiais penais e outras pessoas ligadas à facção criminosa carioca Comando Vermelho.
Os dois foram presos no apartamento deles na Rua Cabral, no Jardim Ouro Verde, região leste de Dourados (a 251 km de Campo Grande). O cumprimento dos mandados de prisão preventiva foi acompanhado por representante da Comissão de Prerrogativas da Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Ainda ontem, Isabella foi levada para a cela especial no Presídio Militar em Campo Grande, mas Renan Maycon continua na carceragem da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), em Dourados.
A ação penal do caso tramita na 6ª Vara Criminal de Campo Grande, mas está em sigilo. Não há detalhes em relação às acusações contra Isabella Miranda e Renan Maycon.
Ao Campo Grande News, o advogado que acompanhou a prisão do casal disse que não está a par do inquérito e por isso não iria se manifestar. Ele pediu para nome não ser divulgado.
A operação – Com 92 mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão, a operação ocorreu em Campo Grande, Ponta Porã, Coxim, Dourados, Rio Brilhante, Sonora, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Dois Irmãos do Buriti, em Mato Grosso do Sul.
Também havia mandados no Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO), Brasília (DF), Paulo de Faria (SP), Várzea Grande (MT), Cuiabá (MT), Sinop (MT), Cáceres (MT), Marcelândia (MT), Primavera do Leste (MT), Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) e Mirassol d’Oeste (MT).
Segundo o Gaeco, a investigação feita durante 15 meses descobriu que a facção, até então com presença tímida em Mato Grosso do Sul, estava se estruturando para expandir seus tentáculos na região – importante rota do tráfico de drogas e de armas.
Peça-chave para o fortalecimento do Comando Vermelho em MS, segundo o Gaeco, foi a entrada de celulares destinados a líderes da facção recolhidos na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, na Capital. Os aparelhos chegavam aos destinatários com ajuda de policiais penais e advogados.
“O uso criminoso dos aparelhos celulares e as ações de ‘pombo-correio’ empreendidas por advogados que integram a facção (gravatas) permitiam o contato entre os faccionados presos e seus comparsas em liberdade, a fim de traçar o planejamento de crimes como roubos, tráfico de drogas e comércio de armas, que foram reiteradamente praticados e comprovados durante a investigação”, afirma o Gaeco.