A primeira unidade do Samu Indígena do Brasil (Samui) atingiu na terça-feira (21) a marca de 350 atendimentos aos indígenas das etnias Guarani, Terena e Caiuá que vivem na Reserva Indígena de Dourados, encurtando o tempo resposta e, inclusive, dobrando o número de atendimentos diários nas aldeias Jaguapiru e Bororó. Por ser tratar de um projeto piloto, que nasceu em Dourados e servirá de referência para a ativação dos serviços em aldeias de todo o Brasil, o prefeito Marçal Filho dotou o Samu Indígena de estrutura suficiente para o pronto atendimento das chamadas pelo 193.
A média diária de socorros ficou em 4,5, com as ocorrências mais frequentes sendo aqueles por mal estar clínicos, responsáveis por 35% das ocorrência e os ferimentos por traumas após agressão física, que responderam por 40% dos atendimentos. Os horários que mais concentram as chamadas são aqueles que estão no meio da tarde e no período noturno. Conhecendo essa rotina dos horários de mais chamadas, o Samu prepara melhor as equipes para uma resposta mais rápida às pessoas.
O balanço compreende o período que vai de 9 de agosto, quando iniciaram as operações do Serviço Móvel de Urgência, até 21 de outubro. “Nesses 73 dias de atendimentos na Reserva Indígena de Dourados também aproveitamos para entender melhor a cultura das famílias das etnias Guarani, Terena e Caiuá para melhorar cada vez mais os serviços que levamos a elas, mas também realizamos ações de orientação e campanha educativas junto à comunidade”, explica o médico Otávio Miguel Liston, coordenador regional do Serviço Móvel de Urgência em Dourados, que também engloba o Samu Indígena.
A base do Samu Indígena está instalada na área do Hospital da Missão Evangélica Kaiowá, na Aldeia Jaguapiru, com o serviço sendo exclusivamente para atendimento da população indígena da maior aldeia urbana do país, com população superior a 18 mil habitantes, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O coordenador do Samu Indígena destaca os desafio de atuar na Reserva de Dourados. “Essa é uma população maior que a da maioria dos municípios de Mato Grosso do Sul e merece uma atenção especial, sobretudo porque o deslocamento pelo Samu tradicional nem sempre dava o tempo de resposta ideal em razão da distância e da complexidade geográfica da aldeia”, ressalta o o médico Otávio Miguel Liston.
O Samu Indígena funciona 24 horas e conta com 14 profissionais, incluindo cinco técnicos de enfermagem, cinco enfermeiros e quatro condutores-socorristas. Metade da equipe é formada por indígenas fluentes em português e guarani, o que facilita a comunicação e garante um atendimento culturalmente adequado. O tempo médio de resposta do Samu Indígena após receber a ligação é de 7 minutos, o que representa uma melhora significativa em relação ao cenário anterior, quando as equipes partiam da região central da cidade e levavam mais tempo para chegar às aldeias Jaguapiru e Bororó.