Promotor pediu explicação e só depois diretor Antonio José dos Santos admitiu que interno foi ferido a tiro por colega de cela
Antonio José dos Santos, diretor da Penitenciária Estadual de Dourados, escondeu do Ministério Público que um preso da cela 37 do raio III foi ferido com tiro no pé esquerdo por colega de cadeia no final de agosto deste ano.
O promotor Juliano Albuquerque, titular da 8ª Promotoria, ficou sabendo do caso após ler a reportagem no site de notícias “Campo Grande News”. O Dourados Informa também publicou a história, no dia 1º de setembro.
Antonio José dos Santos, que acumula em sua gestão várias denúncias de irregularidades e até escândalos sexuais envolvendo presos e servidores, enviou ofício ao promotor no dia 2 deste mês relatando o resultado de pente-fino feito nas celas do raio III.
No documento ele citou todos os objetos ilegais apreendidos nas celas, entre os quais duas pistolas, granadas, quase 200 munições e 49 celulares, mas “esqueceu” de citar o preso ferido com tiro no pé esquerdo.
Depois de ler a notícia, o promotor cobrou explicações do diretor e nesta semana Antonio José dos Santos enviou outro ofício, admitindo o que o representante do Ministério Público já sabia: Ualison Domingos da Silva, 23, foi ferido com tiro no pé esquerdo, disparado dentro da cela.
O pavilhão III, onde o preso foi baleado e onde as armas e munições foram apreendidas, é dominado por bandidos rivais da facção PCC (Primeiro Comando da Capital). Eles formam a chamada “oposição” ao PCC.
As duas organizações estão em guerra. A suspeita é que os “rivais” estavam se armando para uma guerra com membros do PCC dentro do presídio. Além do armamento, o pente-fino do dia 1º encontrou 224 facas artesanais nas celas e oito frascos de coquetel molotov.
Antonio José dos Santos alegou no ofício desta semana que não mencionou o ferimento a tiro porque o ofício anterior era apenas para relatar o resultado da operação pente-fino.
Ele também alegou que o chefe de segurança só recebeu a informação sobre o preso ferido três dias após o disparo, no dia 31 de agosto. Segundo o diretor, o preso teria sido impedido de ir ao setor de saúde pelos companheiros de cela.
“Primeiramente o interno negou tratar-se de ferimento à bala. Porém, após atendimento com o médico desta penitenciária, alegou que estava dormindo, acordou com o barulho e se deparou com a perfuração no pé, mas não presenciou arma de fogo na cela”, explicou Antonio José dos Santos. O caso segue em investigação.