A ação ocorre de forma simultânea no Brasil e na Flórida, nos EUA, contra organização de tráfico internacional de armas
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (15), em conjunto com o Ministério Público Federal, a operação Flórida Heat, com o objetivo de desarticular organização criminosa voltada ao tráfico internacional de armas dos Estados Unidos para o Brasil.
Um dos alvos da operação é o ex-policial militar Ronnie Lessa, que está no Presídio Federal em Campo Grande. Ele e o também ex-policial Élcio de Queiroz estão presos pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
Nas ações de hoje, 50 policiais federais, membros do Gaeco/MPF e agentes americanos, cumprem sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Além de Campo Grande, os mandados são cumpridos na capital do Rio e em Miami, nos EUA, com apoio da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos.
As investigações desvendaram a existência de grupo responsável pela aquisição de armas de fogo, peças, acessórios e munições nos EUA e, posterior, envio ao Brasil.
A internalização do armamento no Brasil se dava através de rotas marítimas (contêineres) e aéreas (encomenda postal) pelos estados do Amazonas, São Paulo e Santa Catarina e tinham como destino final uma residência em Vila Isabel, no Rio de Janeiro.
Na maioria das vezes, o material era acondicionado dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras, despachados juntamente a outros itens como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados.
Dessa residência, as peças eram retiradas pelos integrantes da célula no Rio de Janeiro - responsável pela usinagem e montagem do armamento, com auxílio de impressoras 3D (Ghost Gunner) -, que posteriormente eram distribuídos para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel.
O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para os EUA através de doleiros. Foi identificado um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, que recebia parte desse dinheiro e repassava para os alvos residentes nos EUA.
O bando investia o dinheiro adquirido com o tráfico de armas em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo. Além das medidas judiciais já citadas, foi decretado o sequestro de bens, avaliados em cerca de R$ 10 milhões. Ao longo da investigação, foram apreendidos milhares de armas, peças, acessórios e munições de diversos calibres, tanto no Brasil, quanto nos EUA.
O nome da operação Flórida Heat faz referência ao estado americano de onde as armas eram enviadas ao Brasil pelo grupo criminoso.