Documentos enviados ao MP confirmam que vereadores usaram de tráfico de influência para atender assessora na frente de outras pessoas
O “jeitinho” dado pelos vereadores Diogo Castilho (DEM) e Maria Imaculada (PP) para privilegiar uma assessora parlamentar prejudicou pelo menos 15 pacientes que aguardavam na fila por atendimento no Hospital da Vida, em Dourados. Eles esperavam vaga no hospital, mas não conseguiram transferência.
Ocorrido no dia 5 de maio deste ano, o caso foi mostrado em primeira mão pelo Dourados Informa. O Ministério Público investiga o episódio após denúncia anônima apontar favorecimento à assessora de Maria Imaculada, submetida à cirurgia de apendicite sem que o caso tivesse passado pela Central de Regulação.
A reportagem teve acesso a documentos enviados pela Saúde pública municipal ao promotor de Justiça Ricardo Rotunno. Os ofícios deixam claro que Maria Imaculada e Diogo, usando de poder político, agiram ao arrepio das regras para colocar a assessora na frente de outros pacientes.
Carteirada
Os documentos enviados pela Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde) ao promotor no dia 25 de junho, sexta-feira passada, comprovam que, usando poder político, Maria Imaculada procurou a diretora técnica da fundação, Angela Marin, para garantir atendimento privilegiado à assessora Patrícia Brandão, lotada no gabinete de Maria Imaculada.
Entre os documentos estão as conversas de Maria Imaculada com Angela Marin através do aplicativo WhatsApp.
A vereadora escreveu: “Eu to aqui com a Patrícia, a gente tava numa reunião lá, na videoconferência lá com os médicos lá da UPA e do HV, aí esse trem aqui passou mal aqui, aí tava eu e o Diogo lá, e o Fábio Luis, aí o Diogo falou ‘vamos levar ela logo para o HV antes que morra esse trem aí, negócio de apendicite que estourou, sei lá, tá ruim, ruim, ruim, aí por isso que eu ia ver se você estava aqui, mas o Diogo chegou aqui agora, se eu precisar de alguma coisa eu vou te dar um salve”.
Segundo a Funsaud, naquele 5 de maio de 2021, 61 pacientes estavam na fila de regulação aguardando vaga no Hospital da Vida. Quinze deles não conseguiram ser atendidos.
A documentação é prova cabal de que Maria Imaculada e o vereador-médico Diogo Castilho não seguiram o fluxo correto, que seria levar a assessoria para unidade-referência de urgência e emergência, a UPA, e não diretamente ao hospital.
Na UPA, assim como ocorre com todos os demais pacientes, o caso seria avaliado pelos médicos plantonistas e só depois a assessora seria encaminhada através do Samu para o Hospital da Vida. Esse é o procedimento correto, não respeitado no caso envolvendo Patrícia Brandão.
Documentos assinados pela direção da UPA e pela coordenação do Samu (Serviço Móvel de Urgência), também enviados ao promotor de Justiça, corroboram que os dois vereadores passaram por cima das regras.
4 médicos na UPA
Ofício assinado pela coordenadoria administrativa da UPA confirma que Patrícia Brandão não procurou a unidade e que naquele 5 de maio de 2021, quatro médicos estavam de plantão no local das 19h às 7h do dia seguinte.
A coordenação do Samu também enviou ofício confirmando que naquela data o serviço não foi acionado para atendimento a Patrícia Brandão.
“Fica clara a orientação dada à vereadora sobre o correto fluxo que deveria ter sido seguido, qual seja, o de levar sua assessora para a UPA, unidade de referência SUS para o citado caso”, afirma trecho do ofício enviado ao MP pelo diretor-presidente da Funsaud, Jairo José de Lima.
Ele complementa afirmando que Diogo Castilho, na data dos fatos, não era médico credenciado no Hospital da Vida e tampouco era plantonista na unidade.
O caso
O suposto tráfico de influência praticado por Diogo Castilho e Maria Imaculada foi denunciado à ouvidoria do Ministério Público no dia 10 de maio.
A denúncia revelou que o atendimento a Patrícia Brandão ocorreu por suposto tráfico de influência/favorecimento/privilégio, sem seguir as recomendações e normas do Ministério da Saúde e burlando a fila da Central de Regulação.
“O atendimento foi direcionado pelos vereadores Lia Nogueira e Dr. Diogo Castilho, em detrimento e respeito à população que aguarda os trâmites legais mesmo sofrendo com problemas de saúde”, afirmou trecho da denúncia. “É de causar indignação furar fila e desrespeitar a fila para nós que esperamos o tão sonhado atendimento e amenização da dor que passamos”, afirmou trecho da denúncia.
Procurado para falar do caso, Diogo Castilho disse que foi chamado para ver a paciente por volta de 19h do dia 5 quando ela já estava no Hospital da Vida. “Ela foi atendida pelo plantonista, conversei com o cirurgião e ele operou a paciente”, afirmou.
Ele afirmou que Maria Imaculada teria lhe dito que havia feito contato com a diretora técnica da Funsaud, Angela Marin. “Parece que a Angela tinha autorizado”, disse ele. No ofício ao MP, a Funsaud desmentiu essa informação.
Em nota, Maria afirmou que Patrícia Brandão passou mal e corria risco de morte se não recebesse atendimento urgente. “A servidora teve crises e quase desmaiou. Diante do quadro, foi avaliada pelo vereador e médico Diogo Castilho e imediatamente levada a uma unidade de saúde”.
Segundo a vereadora, como o caso era grave e com risco iminente de morte, já que a servidora apresentava quadro de possível rompimento do apêndice, Diogo Castilho decidiu encaminhar a servidora com urgência ao Hospital da Vida.
Em discurso na sessão da Câmara cinco dias depois, Maria disse que se tiver de perder o mandato por salvar uma vida terá certeza do dever cumprido.
Luccas Claro
Um aburso! 15 pessoas sem padrinho sendo prejudicados por uma "Vereadora" de quinta categoria, Dourados terra sem lei ou melhor lei só vale para os pobres, já vimos que a câmara de Dourados só vota lei para ferrar o contribuinte.
Essa aí não vale muita coisa visto que o fruto não cai longe do pé.
Cleide S. A
Moio o pé da franga, jornalista e vereadora Lia Nogueira 😂😂😂
Rosi
Perdi minha mãe na fila, esperando para fazer cirurgia e nunca conseguiu. Vi que a assessora da vereadora Lia Nogueira estava até tomando cerveja com ela no bar, feliz por ela estar gozando de saúde e exposta a disseminar vírus por Dourados, assessora Patrícia Brandão pense que enquanto você, sua vereadora Lia Nogueira e o dr. Diogo Castilho furavam fila, eu estava chorando pela perda de minha mãe, que era sim uma imaculada, vítima do sistema sujo ao qual vocês estão piorando a cada dia. Não julgue somente o prefeito, mostrando live com Falta de médicos, comecem mostrar serviço e façam a parte de vocês, se começar fazendo por onde, Ser honesto e não aproveitadores do sistema, tenho certeza que estarão contribuindo com alguma coisa na nossa cidade. O dr. Diego por ser entendido de saúde e conhecer a realidade das filas do sus jamais deveria agir desta forma.
Maria Ap. Castilho
Um desrespeito à população de Dourados! Estou com meu pai na fila de espera há mais de dois anos para fazer cirurgia, como não somos Assessores de nenhum vereador, ainda não tivemos o direito de ver nosso pai com a cirurgia em dia. Essa tal vereadora que se diz ser do povo, porque não pagou um hospital particular para sua assessora ao invés de tirar o direito de quem espera por anos, visto que era de urgência e não seguiu o protocolo que se pede. Se quer ser pelo povo, não nos tire nosso direito e segue o protocolo da vida, do amor e da fraternidade, se compadecendo dos mais necessitados. Senhora vereadora tenha vergonha na cara e pare de achar um jeito brasileiro para tudo e principalmente para os que te favorece. Por vereadores, voltados ao povo e não por vereadores que fazem errados e ainda se fazem de “imaculada do povo”, prejudicando pessoas do bem em prol de promoção. Revoltada com a pouca vergonha que tomou conta desses vereadores, que se julgam defensores do povo.