Médico-vereador disse que ficou apenas 15 minutos em restaurante, mas na verdade ele ficou por 1 hora e 15 minutos
Diogo Castilho em entrevista à rádio Grande FM; vereador mentiu ao admitir descumprimento de toque de recolher (Imagem: Reprodução)
Demorou, mas aconteceu. Um mês e dez dias depois de descumprir o toque de recolher para jantar com colegas médicos, o vereador Diogo Castilho (DEM) admitiu ter desrespeitado a regra, adotada como uma das formas de tentar reduzir o contágio pela covid-19 em Dourados.
Entretanto, Diogo Castilho mentiu ao afirmar ter ficado apenas 15 minutos além do toque de recolher porque estava “na fila para pagar a conta”.
Em entrevista à rádio Grande FM, no sábado, Diogo Castilho afirmou ter sido vítima de censura e perseguição política.
O descumprimento do toque de recolher foi mostrado em primeira mão pelo Dourados Informa no dia 19 de abril. O flagrante da Guarda Municipal ocorreu em um restaurante localizado na Rua Albino Torraca, na Vila Progresso.
O desrespeito à medida sanitária foi motivo de denúncia à Câmara por quebra de decoro. A denúncia foi arquivada, mas o autor, Luan Padilha Araújo, entrou com mandado de segurança na Justiça para derrubar decisão do presidente da Casa, Laudir Munaretto (MDB).
“Estou sendo a toda hora acusado de ter ido num restaurante, notícia sem fundamento. Levei 15 minutos na fila para pagar a conta. Saí 15 minutos atrasado do restaurante por causa de fila, cara me coloca situação horrível dessa”, afirmou ele na entrevista à rádio.
Entretanto, a afirmação de Diogo Castilho é mentira.
Boletim de ocorrência da Guarda Municipal ao qual o Dourados Informa teve acesso revela que a viatura foi acionada por volta de 22h15 do dia 14 de abril de 2021 para ir até o restaurante.
Naquele dia, o toque de recolher em vigor em Dourados era das 21h até 5h da madrugada, como acontece atualmente, ou seja, Diogo Castilho ficou no jantar com colegas de profissão por mais de uma hora e não apenas por 15 minutos como ele afirmou na entrevista.
Além disso, é preciso esclarecer que o jantar dos médicos só foi encerrado com a chegada da Guarda Municipal. O boletim de ocorrência cita que o gerente do restaurante afirmou que “alguns clientes insistiam em permanecer no local e que entre eles estava um vereador”, sem citar nome.
Réu confesso – A entrevista de Diogo Castilho derruba por terra a alegação citada em parecer da assessoria jurídica da Câmara de que não existia prova contra Diogo Castilho, pois o boletim de ocorrência não citava o nome dele e a Guarda também não confirmou se tratar do vereador do DEM.
Agora, Diogo Castilho admitiu que, sim, era ele, como o Dourados Informa havia revelado no dia 19 de abril. Portanto, não se trata de “notícia sem fundamento”, como ele alega.
Outro detalhe é que a confissão pode influenciar na decisão da Justiça sobre o mandado de segurança impetrado contra o arquivamento do pedido de cassação do mandato por quebra de decoro. O caso deve ser julgado nesta semana pela Justiça.